segunda-feira, 26 de março de 2012

Julio Martins Pereira

As minhas lembransas na Guiné.1965/1967.
Agora são recordações,mas naquelas datas foram sofrimentos e muitas saudades de quem cá deixei e muitas coisas mais que por ai se passaram.
Ver colegas meus morrerem,como vós camaradas deveis saber?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Companhia de Caçadores 1439 os Madeirenses,Bambadinca,Enxalé,Missirá e Porto Gole


EU,JÚLIO Martins pereira, soldado transmissões 26523/65 que fui de LISBOA para a MADEIRA a bordo do paquete FUNCHAL paro B.I.I-19, mas como a companhia já tinha partido para a GUINÉ eu e mais uns quatro soldados tivemos de aguardar por novo barco que nos levasse para BISSAU para nos juntarmos á COMPANHIA 1439 que naquela ocasião SETEMBRO 1965 já se encontrava em BAMBADINCA, uma vez ai chegados na LDM,depois de permanecermos uma noite, em pleno RIO GEBA a meio do mesmo, entre os aquartelamentos do ENXALÉ de um lado e do outro o DO XIME aqui consegui ver a força do famoso MACARÉU, aquela grande onda de ÁGUA que de manhã nos acordou e que colocou novamente o barco a flutuar. Para assim podermos chegar ao nosso destino, assim aqui chegados ao batalhão e depois de realizadas algumas operações prós lados do XIME a mim foi-me atribuída a função de sempre acompanhar o COMANDANTE na árdua tarefa de transmitir e receber informações para o bom desenrolar das operações em curso, quer de TERRA OU DO AR. De BAMBADINCA fomos para o ENXALÉ e daqui uns foram para MISSIRÁ e outros para PORTO GOLE.,eu fui para MISSIRÁ, no pelotão comandado pelo <já falecido ALFERES ZAGALO>. NA ocasião a morada no continente do ALF. ZAGALO era RUA das janelas verdes LISBOA. NO dia 06 de OUTUBRO 1965, por volta das 7horas da manhã íamos nós de MISSIRÁ a caminho do ENXALÉ em coluna com um jipe e um unimogue, íamos buscar alimentos e outros produtos pró pessoal, depois de passar o cruzamento que dava para Finete, aproximadamente, 800M á frente avia uma possa d’água, o jipe que ia na frente desviou-se, nesse jipe ia o motorista, o ALF. ZAGALO, enfermeiro e mais dois soldados, a seguir ia o unimogue que não se desviou da possa d’água e ai rebentou a MINA, na frente no unimogue ia o FURRIEL <MÁNO> de pé do lado esquerdo do condutor e ao lado deste mais 2 ou 3 soldados, na parte de trás nos bancos laterais onde, EU ia , iam os bancos completos, rebentada a MINA, eis que alguns de nós tal como EU, encontramo-nos dentro daquela CRATERA cheia de lodo e gasóleo nós sem armas, os mais conscientes ainda conseguiram gatinhar para encontrar armas para nos defendermos de qualquer eventualidade, no meio de toda aquela gritaria, todos aqueles berros os choros, todos aqueles, MORTOS E FERIDOS, apesar de tudo só ouvimos lá longe uma rajada de costureirinha, a querer dizer-nos algo sobre o que nos tinha acontecido, como não houve mais nenhuma reação, demos inicio á procura e recolha dos Nossos mortos e feridos ,estes encontravam-se espalhados, quer no CAPIM encharcado de cacimbo «orvalho noturno»  quer nos destroços  do unimogue que ficou virado em sentido contrario e retirado da cratera ,Ainda hoje me lembro de ter retirado um camarada nosso pega-lo por baixo dos braços e encostalo ao taipal para que outros o pusessem no chão , era  preciso retira-los daquele sofrimento e acalma-los e procurar todos os outros, entretanto o jipe onde ia o alfe. ZAGALO volta para traz, PASSADO aquele tempo de possível reação, entretanto, eu já tinha ido procurar os meus nossos companheiros, quando fui ter com o alfe. Zagalo, e lhe disse onde estavam alguns dos nossos mortos e feridos, incluindo o FURRIEL <MANO> todo esventrado, esfacelado só a carne dava sinais porque ainda estava quente, a partir daqui começamos a recolher os restos dos mortos, e polos no fundo do jipe, por cima os feridos mais graves, a estes amarramos ligaduras do enfermeiro para que não caíssem com o andamento do jipe, este ia transformado num autentico carro de URRORES, iniciada a marcha de retorno, esta na direção de FINÉTE, fui EU então a pé desde o local da mina até FINÉTE, A correr, sozinho com a arma em bandoleira para pedir socorro, uma vez aí, no cimo daquela grande bolanha, frente A BAMBADINCA, o comandante das tropas ai aquarteladas, depois de me ouvir, mandou 4 soldados acompanharem-me até BAMBADINCA, para pedir socorro, mas ao mesmo tempo, começam a imitir mensagens para o interior da bolanha no sentido de avisarem a muita população que ali estavam a trabalhar avisando que tinha rebentado uma mina ali perto e estes em debandada encaminham-se para o rio GEBA para fugirem para BAMBADINCA a bordo, claro das «canoas» aí tive de pedir que retirassem «5» elementos da população para que Eu e os meus «4» camaradas que me acompanhavam pudéssemos chegar Ao batalhão que ai estava aquartelado, dali pedir apoio a BISSAU para virem os HELICOPTROS, e também á minha companhia caç.1439. Prá companhia fui Eu que fiz o ponto da situação. ALI O COMANDO DO BATALHÃO fornece-me um rádio para que eu pudesse comunicar com os helicópteros e as respetivas frequências para uma boa comunicação. <Entretanto quando eu e os 4 soldados pretos iniciamos a marcha de regresso a FINÉTE em plena bolanha e já com o roncar dos helicópteros e eu a sintoniza-los no meu rádio, eis que ouso um forte rebentamento e logo peço aos pilotos dos hélios que se possível passem pela zona de MATO CÃO, pois que o rebentamento ouvido instantes atras podia ter a ver com a com. Caça. 1439 Que vinha em nosso socorro, O QUE INFELISMENTE, veio logo a seguir a confirmação dos pilotos dos hélios que era verdade, a companhia de caçadores 1439 tinha tido no dia 06 OUTUBRO 1965 duas MINAS as duas não muito longe uma da outra, aí em FINÉTE ainda consegui falar com os pilotos dos Elis, aquando das evacuações da 1ª MINA a quem pedi que comunicassem a BISSAU a pedir evacuação rápida para o pessoal que estava em MATO CÃO na 2ª MINA, a quantidade de soldados mortos e feridos só procurando nos arquivos do B.I.I-19 FUNCHAL. Digo eu, ou então o CAPITÃO COMANDANTE DA COMPANHIA, ou o alfe. FREITAS ou o alfe. CRISOSTEMO, ou o 1º. Da secretaria ou o cripto, tantos, tantos outros que podem confirmar tudo isto, sim é verdade que fui condecorado com a CRUZ DE GUERRA DE 4ºCLASSE, NO DIA 10 JUNHO 1968 NA AVENIDA DOS ALIADOS, NO PORTO, é também verdade que fui varias vezes convidado pelo governo PORTUGUES para estar presente nas cerimonias comemorativas do DIA DE PORTUGAL, poderão ainda confirmar aquilo que vou descrever que é verdade e porque está escrito na minha CADERNETA MILITAR, não pedi nada a ninguém, podem consultar os arquivos, o que fiz está feito, deram-me prisão por eu ter dito que tomasse o café e que lhe soubesse Á MERDA, AQUI NO ENXÁLE, deram-me prisão porque eu lhes disse que não avia direito eles já terem comido e nós estarmos á espera, AQUI, MISSIRÁ, mas eu nunca estive na prisão nem da primeira vês nem da segunda, todo o pelotão estava formado, em sentido E DE MARMITA NA MÃO, quando eles já tinham comido, debaixo da tabanca na nossa frente, foi preciso EU TOMAR a atitude de mandar destroçar BATENDO COM O PÉ NO CHÃO, três vezes, mas só ai, alguém lhes disse quem foi que tinha mandado destroçar, foi quando me vieram pedir os meus dados e nos mandaram formar novamente, foram novamente prá sombra da tabanca e só depois mandaram o cozinheiro servir-nos a dita refeição, não eu não pedi para ser condecorado, eu não era filho de gente dita rica, chique, eu lotei por mim e pelos meus camaradas, porque quando eu dei a primeira resposta do café, foi porque eu tinha estado de serviço durante a noite, ao posto de rádio, que ficava nas traseiras do quarto do alfe. ZAGALO, essa frase foi para o camarada que me veio substituir, de manhã, O CLIDÓNIO, este vive em, CAMPO, VALONGO, lotei por aquilo em que eu acredito, mas que muita coisa foi uma má imagem para PORTUGAL, isso foi, tantas coisas se fizeram e algumas pessoas ainda foram contempladas, mas enfim a vida é assim mesmo, e dos mortos já não devemos falar, mas eu passei muitas noites no ENXÁLE, DE SERVIÇO ÃO POSTO DE RÁDIO e também a servir de <protetor>, dum que se dizia senhor e, que quando lhe dava na cabeça, já depois de bem bebido, depois de fazer aqueles ditos coqueteies com todo o género de bebidas e mais algumas, incluindo a famosa pasta 444 que era de por na cara, a altas horas da noite, mandava chamar o motorista e eu era incumbido de comunicar com PORTO GOLE informando que um certo senhor ia lá tomar um uísque, aquela hora da noite, o jipe arrancava povoação adiante saía fora da porta darmas da povoação do ENXALÉ e mais adiante, o piso era bastante bom já dava para fazer algumas travessuras.